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sexta-feira, 11 de novembro de 2011



Medicamento Genérico
Nome Comercial
ÁciclovirAntivirax, Aviral, Zovirax
Ácido acetilsalicílicoAspirina, AAS, Somalgin, Melhoral
Ácido retinóicoVitamina A em altas doses, Arovit
AmicacinaAmicacil, Novamin
AmitriptilinaTryptanol
AndrógenosTestosterona, Deposteron
AtropinaSulfato de Atropina, Atroveran
CarbazepinaTegretol
Cetoconazol via oralCandoral, Cetonax Cetonil, Cetozol, Miconan, Nizoral
ClonazepamRivotril
ClonidinaAtensina
CloranfenicolClorfenil, Sintomicetina, Sulnil
ClorprapamidaDiabinese
DanazolLadogal
Estreptomicina
EstrogêniosAnticoncepcionais em geral
FenilbutazonaButazolidina, Butazonil
FenitoínaHidantal
FenobarbitalGardenal
Fluconazol via oralFluconal, Triazol, Zoltec
IbuprofenoAdvil, Artril, Doretrim, Sanafen
IndometacinaIndocid
Maleato de EnalaprilEupressin, Neolapril, Pressotec, Renitec, Vasopril
MetildopaAldomet, Adotensin
MetotrexatoMethotrexate
MisoprostolCytotec
NaproxenoFlanax, Naprosyn
OmeprazolGaspiren, Gastrium, Loprazol, Omeprazin, Ulconar
PiroxicamCicladol, Feldene, Flogoxen, Inflamene, Inflanan, Piroxene
ProgestagêniosAnticoncepcionais orais e injetáveis
Propanolol, AtenololAtenol, Angipress,
PropoxifenoDoloxene
RanitidinaAntak, Ulcoren, Zylium, Ranidin
ReserpinaTerbolan
SulfonamidasSulfadiazina, Fansidar, Azufin
Talidomida
TamoxifenoNovadez, Tecnotax
TetraciclinaTetrex, Parenzyme, Talsultin
WarfarinaMaveran
Outras drogas
Cigarro
Cocaína

Alterações fisiológicas na gravidez

Durante a gestação, o organismo materno passa por diversas modificações, que podem ser adaptativas para melhor suportar a gravidez, ou decorrentes dos elevados níveis de estrógeno e progesterona. A absorção de drogas se altera, pois a motilidade gastrointestinal e a secreção gástrica ficam diminuídas, e mudanças no pH gástrico alteram a ionização e solubilidade de muitas substâncias, modificando sua biodisponibilidade. Depois de absorvidas, as drogas podem ter seu metabolismo hepático alterado, decorrente dos elevados níveis homonais, que estimulam o sistema de oxidação microssomal6.

O volume sanguíneo da gestante aumenta em torno de 40%, principalmente às custas de plasma, o que interfere na concentração terapêutica da droga6. A água corpórea total está aumentada entre 5 e 8% na grávida, além de estar presente no feto, placenta e líquido amniótico, aumentando o volume de distribuição e diminuindo a concentração da droga7,8.

Os níveis de proteínas plasmáticas maternas estão diminuídos e podem, também, ter sua afinidade de ligação alterada pelos hormônios circulantes, com conseqüente aumento da fração livre de drogas. A concentração de albumina fetal é sempre menor que a materna, e por isto há maior fração livre de drogas na circulação fetal.

Mecanismos de transferência placentária

A placenta humana, em gestação de termo, apresenta, em média, 20 cm de diâmetro, 2 cm de espessura e 500 g peso. A área da superfície de intercâmbio materno-fetal estimada é de 67,02 m² e a capilar das vilosidades tem cerca de 50 km de extensão linear2.

Sabemos que a placenta apresenta permeabilidade seletiva, porém o transfer placentário humano é pouco conhecido, e a maior parte das informações vêm de experiências em mamíferos. O transporte através da placenta envolve o movimento de moléculas entre três compartimentos: sangue materno, citoplasma do sinciciotrofoblasto e sangue fetal. Esse movimento de moléculas pode ocorrer por um destes mecanismos apresentados adiante.

Por difusão simples as moléculas ultrapassam a membrana sinciciocapilar (bicamada fosfolipídica) por difusão passiva. O gradiente é descendente, sem gasto de energia, até o equilíbrio de concentrações. Gases, moléculas hidrofóbicas, benzeno, uréia, etanol, pequenas moléculas sem carga elétrica são assim transportados3.

Para difusão facilitada as moléculas necessitam de auxílio de proteínas de transporte para ultrapassar a camada fosfolipídica. O gradiente de concentração é descendente, sem gasto de energia. Proteínas de transporte, canais protéicos ou iônicos são regulados por estímulos e transportam açúcares, nucleosídeos e íons3.

O transporte ativo é realizado por proteínas transportadoras dependentes de energia (ATP), contra o gradiente de concentração (ascendente): são as chamadas bombas iônicas4.

Outras formas de transporte são as bombas classe P que transportam íons, as classe V e F que transportam prótons e a grande família ABC que transporta aminoácidos e moléculas complexas5.

Por fim temos a endocitose, em que ocorre invaginação da membrana da superfície celular, formando vesículas que transportam o conteúdo por meio do sinciciotrofoblasto. A captação eletiva de macromoléculas ocorre através da ligação com receptores específicos de membrana. Este mecanismo é responsável pelo transporte de IgG materno para o feto5.


Transferencia placentaria de drogas


Transferência placentária de drogas

Ricardo de Carvalho CavalliI; Cláudia de Oliveira BaraldiII; Sérgio Pereira da CunhaIII

IProfessor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil
IIMédica Assistente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil
IIIProfessor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brasil



RESUMO

Grávidas podem depender do uso de medicações para minimizar os agravos da doença preexistente. A gravidez, por si só, pode causar situações que comprometem o bem-estar materno, como náuseas e vômitos, as quais necessitam de tratamento. O obstetra deve estar atento à transferência placentária de drogas e à exposição do feto a agentes teratogênicos ou tóxicos, que podem comprometer o seu desenvolvimento ou mesmo sua vida futura.O transporte através da placenta envolve o movimento de moléculas entre três compartimentos: sangue materno, citoplasma do sinciciotrofoblasto e sangue fetal. Esse movimento pode ocorrer pelos seguintes mecanismos: difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo, bombas classe P, V, F e grande família ABC e endocitose. Com o uso de anticonvulsivantes a incidência de malformações maiores em recém-nascidos expostos é de 4 a 6%, comparado com 2 a 4% na população geral. A politerapia é mais lesiva, especialmente se o ácido valpróico e a hidantoína fazem parte da associação. Para as pacientes epilépticas clinicamente assintomáticas há dois anos recomenda-se a suspensão da drogas em uso, porém se apresentam crises, torna-se prudente consultar neurologista para discussão da terapia anticonvulsivante com melhores benefícios e menores efeitos colaterais. Os anestésicos locais e os opióides são largamente utilizados durante a resolução da gestação. A lidocaína utilizada como anestésico por via perineal para episiotomia, na dose fixa de 400 mg, apresenta alta concentração plasmática materna e alta taxa de transferência placentária no momento do nascimento, que vem alertar para o cuidado no uso de doses repetidas. A bupivacaína administrada por via epidural representa anestésico seguro, apresentando-se na forma racêmica e com transferência placentária em torno de 30%. A fentanila, anestésico opióide, utilizado por via epidural na resolução por cesariana, na dose fixa de 0,10 mg, apresenta alta taxa de transferência placentária, da ordem de 90%, o que vem alertar para cautela no uso de doses repetidas em analgesia durante o trabalho de parto.


O que é teratologia?


A teratologia (do grego teratos = "monstro" + logos = "estudo") é um termo que se refere ao ramo da ciência médica preocupado com o estudo da contribuição ambiental ao desenvolvimento pré-natal alterado, ou seja, estuda as causas, mecanismos e padrões do desenvolvimento anormal. Para o estudo desse ramo da ciência é fundamental o conhecimento das etapas do desenvolvimento, pois alguns estágios do desenvolvimento são mais vulneráveis à perturbação do que outros. Um agente teratogênico é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função da descendência. Anomalias congênitas, defeitos congênitos e malformações congênitas são termos normalmente usados para descrever distúrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento. Os defeitos de nascença (congênitos) são a maior causa de mortalidade infantil e podem ser estruturais, funcionais, metabólicos, comportamentais ou hereditários. Uma anomalia congênita é qualquer tipo de anormalidade estrutural: entretanto, nem todas as variações do desenvolvimento são anomalias. As variações anatômicas são comuns: por exemplo, os ossos variam entre si não apenas na sua forma básica, mas em pequenos detalhes da estrutura da superfície. As anomalias congênitas são de quatro tipos clinicamente significantes: malformação, perturbação, deformação e displasia. As causas das anomalias congênitas são divididas em: a) Fatores genéticos (gênicos e cromossômicos); b) Fatores ambientais. Os fatores genéticos gênicos são aqueles que passam de pai para filho e são ditos hereditários (ex: Polidactilia), enquanto que os genéticos cromossômicos se referem ao número ou estrutura anormais dos cromossomos da espécie (ex: Síndrome de Down). Os fatores ambientais compreendem os vírus que determinam as infecções (ex: vírus da Rubéola), drogas (ex: álcool, tabaco, antibióticos) e radiações (ex: raios X). No entanto, muitas anomalias congênitas comuns são causadas por fatores genéticos e ambientais atuando em conjunto – a herança multifatorial. Na maioria das anomalias congênitas as causas são desconhecidas.